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O QUE É SOCIALISMO??

Versão 1.0
Ultima atualização: 22/07/2001

    Introdução
  1. Contexto histórico
  2. O Socialismo Utópico
  3. Karl Marx e F. Engels
  4. Materialismo histórico
  5. O Socialismo Científico
  6. O Socialismo propriamente dito
  7. O Comunismo

Introdução ao socialismo

Esta obra pretende dar uma visão geral da construção dos movimentos socialistas, sua evolução para o pensamento marxista e o contexto histórico que o fomentou.Vários termos estarão construídos em forma de links que apontarão para um pequeno glossário

Contexto histórico:

Passada a Idade Média, a Europa começa a desenvolver e consolidar as bases do Capitalismo.Com a expansão ultramarina as nações buscavam mais riquezas, em geral minerais preciosos ou produtos supervalorizados, para seus recém formados Estados Nacionais, iniciando assim a prática do imperialismo mercantilista.
Essa prática de acumulação de riquezas, tornou-se, no decorrer do tempo, ultrapassada dentro do processo de evolução do capitalismo, mas serviu como um dos pré-requisitos para o estágio vindouro desse processo, O Capitalismo Industrial.
O Capitalismo Industrial é resultado de um importante fenômeno ocorrido na Inglaterra por volta de 1750. A Revolução Industrial.

A Revolução Industrial

Consistiu numa grande mudança no modo de produzir as mercadorias e insumos. A produção manufatureira semiartesanal vigente foi substituída sistematicamente pelo modo de produção industrial de grande escala e altamente mecanizado. Como dito antes, o imperialismo mercantilista estava ultrapassado e precisava ser substituído, pois era necessário expandir os produtos e mercados consumidores, era necessário gerar lucro encima da mercantilização dos artefatos industriais.
Acontece que essas profundas mudanças econômicas geradas pela Revolução Industrial provocaram também profundas mudanças sociais. Para suprir os altos índices da produção industrial era necessário um imenso esforço humano. Dentro das fábricas as condições de trabalho eram desumanas, a carga horária chegava a ser de 16 horas!!!. As remunerações eram paupérrimas, valendo o limite da subsistência do trabalhador. Crianças e mulheres não eram poupadas, sendo estas a força de trabalho mais procurado devido aos seus baixos salários.

VEJA UM DOCUMENTO DA ÉPOCA:

Perante uma comissão do Parlamento em 1816, o Sr. John Moss, antigo capataz de aprendizes numa fábrica de tecidos de algodão, prestou o seguinte depoimento sobre as crianças obrigadas ao trabalho fabril:
"Eram aprendizes órfãos? - Todos aprendizes órfãos.
"E com que idade eram admitidos? - Os que vinham de Londres tinham entre 7 e 11 anos.Os que vinham de Liverpool, tinham 8 a 15 anos.
Até que idade eram aprendizes? - Até 21 anos.
"Qual o horário de trabalho? - De 5 da manhã até 8 da noite.
"Quinze horas diárias era um horário normal? - Sim.
"Quando as fábricas paravam para reparos ou falta de algodão, tinham as crianças, posteriormente, de trabalhar mais para recuperar o tempo parado? - Sim.
''As crianças ficavam de pé ou sentadas para trabalhar? - De pé.
"Durante todo tempo? - Sim.
"Havia acidentes nas máquinas com as crianças? - Muito freqüentemente.

Os trabalhadores e suas famílias eram obrigados a viver em cortiços na periferia de Londres, enquanto a burguesia industrial vivia nas sofisticadas alamedas. E por falar em burguesia, esta não parecia se preocupar com tamanha miséria, pelo contrário, estava disposta a arrancar até a ultima gota de suar dos trabalhadores em prol da obtenção do lucro, da mais-valia. Como se vê os trabalhadores, que apesar de constituírem a força motriz desse processo, foram os mais massacrados por ele.
Mas a reação estava por vir...
Essas condições deploráveis das quais os trabalhadores eram vítimas fomentaram manifestações e protestos. O movimento ludista é um clássico exemplo.

O Socialismo Utópico

Começaram a surgir correntes intelectuais contrárias às condições e relações sociais, as quais ficaram genericamente conhecidas como socialistas utópicas. Os socialistas utópicos propunham uma sociedade "menos pior", pois não lutava diretamente contra o capitalismo, mas sim tentavam eufemiza-lo (suavisa-lo), ou seja, eles não eram contra a burguesia como classe, pelo contrário, eram a favor de uma burguesia filantrópica.
Dentre alguns dos socialistas utópicos destacam-se:

Robert Owen: Inglês, apontado por alguns como o criador do termo socialismo. Defendia uma forma de sociedade onde o coletivo sobrepusesse o individual.
Charles Fourier: Propunha um modelo de comunidade denominado falanstério, que seria uma vila agrícola onde todas as atividades fossem coletivas e revezadas entre seus membros.Além disso, no falanstério todas as atividades seriam acompanhadas de música e diversão.
Henri Saint-Simon: Era declaradamente contra qualquer mudança profunda da sociedade capitalismo. Simon é considerado um dos precursores da
Social-democracia.

Juntamente com os socialistas utópicos, começava a surgir o movimento anarquista.Muitos foram seus representantes, tais como: Pierre Joseph Proudhon, Mikhail Bakunin, Tolstoi dentre outros.
Apesar de terem influenciado muitos movimentos operários por toda a Europa, os ideais dos socialismos utópicos sofriam de problemas estruturais: os utópicos não estudaram a sociedade em que viviam, não compreendiam como o modo de produção capitalista se comportava, alem do mais, eram formados por diferentes correntes que divergiam entre sim, dificultando a união do movimento. Por tudo isso os socialistas utópicos não foram capazes de criar um modelo de sociedade viável e cientificamente fundamentado. Como vimos, os socialistas utópicos não foram capazes, e ainda não o são, de construir uma sociedade diferente, por isso foram assim denominado por Karl Marx.

Karl Marx e F. Engels

Paralelo a tudo isso começava a surgir uma corrente de intelectuais e trabalhadores com uma diferente visão do socialismo, os chamados socialistas científicos, também conhecidos como comunistas e marxistas.
Tudo começou quando um jovem revolucionário alemão chamado Karl Marx iniciou seus estudos sobre
filosofia materialista, o idealismo de Hegel, do qual foi discípulo, e a história pelas reações sociais. Marx formulou uma nova visão do mundo, criando para isso uma nova filosofia, o materialismo dialético. O Materialismo Dialético consiste numa visão materialista do mundo. Marx forá perseguido e exilado diversas vezes devido às suas atitudes. Uma vez exilado na França ele conheceu outro jovem revolucionário chamado Friedrich Engels. Engels logo se tornou amigo íntimo de Marx, ajudando-o a construir toda sua obra, além de lhe auxiliar financeiramente.

OBS1: O termo material refere-se a tudo que tem natureza objetiva, que realmente existe, ou seja, a sociedade, os meios de produção, os objetos, etc. O termo espiritual refere-se a tudo que não tem natureza objetiva ou concreta como a personalidade das pessoas, as crenças e mitos, etc.

OBS2: Não vou me ater ao estudo específico do materialismo dialético nesta obra, mas é importante encarar o materialismo e a dialética como chaves mestras que Marx utilizou na construção de seu pensamento. Qualquer dúvida consulte o glossário de termos marxistas, onde existe uma melhor definição do materialismo dialético.

O materialismo histórico:

O materialismo histórico ou visão materialista da história nada mais é do que uma interpretação material da história e da sociedade humana. Como dito, o materialismo prega que o ser é fruto da matéria, sendo mais preciso, o meio material é que ira determinar o meio espiritual. Para Karl Marx o meio material de um povo estaria representado pelas relações econômicas (infra-estrutura) que o mesmo pratica, e é a partir dessas relações que construir-se-á as instituições da sociedade, tais como: O Estado, a igreja, o exército, etc. Marx chamava essa instituições de super-estrutura da sociedade.
Para esclarecer o que foi dito vamos recorrer a um exemplo: Na sociedade feudal a unidade econômica era o feudo, e quem detinha o feudo, senhor feudal, detinha também o poder político, pois no feudalismo o senhor feudal era o patriarca supremo. Neste caso vê-se claramente que quem possui o feudo, o qual representa a economia feudal (infra-estrutura), possui também o poder das instituições sociais (super-estrutura), logo a ligação entre economia e sociedade dentro de um povo é direta.

O Socialismo Científico.

Agora que já estudamos o contexto histórico europeu, as influências e teorias fundadas por Marx e Engels, podemos estudar o Socialismo Científico, que é o que realmente nos interessa.
O Socialismo científico: É uma corrente socialista desenvolvida por Karl Marx e F. Engels, que defende a socialização dos meios de produção e a dissolução do Estado e do capital privado, ou seja, destruição do próprio capitalismo. Mas como fazer isso???
Marx e Engels, diferentes dos socialistas utópicos, estudaram profundamente sociedade capitalista, podendo assim compreender intimamente seu funcionamento. Desse modo eles produziram um verdadeiro "método", baseado no materialismo histórico, para construir o movimento que derrubaria a burguesia e implantaria o socialismo.

Vou descrever basicamente como isso ocorrerá:

Segundo Marx/Engels, todas as sociedades até os dias de hoje tiveram suas histórias baseadas nas lutas de classes. Na Grécia antiga eupátridas (cidadãos nobres) versus metecos (estrangeiros) e escravos, no Império Romano patrícios versus plebeus, na Idade Média, servo versus senhor, e, finalmente, na era contemporânea, burguesia versus proletários. Ou seja, a história da humanidade é a história do antagonismo de classes, dos exploradores e dos explorados.

Mas a história do capitalismo está com os dias contados. Assim como a burguesia derrubou a nobreza, no fim da Idade Média, para implantar seu modo de produção, ela será derrubada pelos seus filhos pobres e excluídos, os proletários.

Já dizia Marx:
2 - "A burguesia, porém, não forjou somente as armas que lhe darão a morte; produziu também os homens que manejarão essas armas - os operários modernos, os proletários ",
3 - "a burguesia produz, sobretudo, seus próprios coveiros. Sua queda e a vitória do proletariado são igualmente inevitáveis ".

Por que a queda da burguesia e a vitória do proletariado são inevitáveis??

1. Apesar de o capitalismo socializar os a produção, ele não socializa os bens por ela produzidos. Ou seja, a burguesia pode até lhe conceder um emprego, mas não lhe concederá participação na produção.
2. O capitalismo gera uma desigualdade social muito brutal, que acabará por estimular a conscientização do proletário.
3. O proletário, mesmo sendo alienado pela produção burguesa, é capaz de se conscientizar e começar a interferir no seu meio.
Já vimos que a vitória do proletariado é inevitável. Agora veremos como ela ocorrerá.

A Revolução do Proletário

A derrubada da burguesia se dará a partir da união dos operários, camponeses e excluídos que constituem o proletariado. Os proletários da cada nação formarão uma verdadeira revolução popular a fim de conquistar o poder, e a essa revolução Marx deu o nome de Revolução do Proletariado.

A Ditadura do Proletariado

Quando subirem ao poder, o proletariado irá constituir o que Marx chamou de Ditadura do proletariado. Essa ditadura não significa opressão ou despotismo, mas sim o controle do Estado pela proletariado.

O Socialismo propriamente dito

Após conquistar o poder, os proletários irão estatizar a economia, ou seja, toda propriedade se tornará bem do Estado. As terras serão divididas entre os camponeses, a tendência é que toda propriedade privada desapareça. O socialismo é um estado de transição entre o capitalismo e o comunismo, não é algo eterno, ou não deveria ser, é apenas uma etapa para se alcançar os pré-requisitos necessários à implantação do comunismo.

A frase que sintetiza o socialismo é:
"De cada um, segundo sua capacidade, a cada um segundo seu trabalho"

O Comunismo

Quando terminadas todas as transformações empreendidas pelo socialismo, o Estado deixará de existir e as classes sociais também. Na sociedade comunista não existirá explorado ou explorador, não haverá desigualdade social nem poder ou opressão de um indivíduo sobre o outro. Todas as profissões serão igualmente valorizadas, e todos contribuirão no que poderem nas tarefas dessa sociedade. Note que o comunismo é a etapa final, sendo o socialismo somente uma etapa necessária para empreende-lo.

A frase que sintetiza o comunismo é:
"De cada um, segundo sua capacidade, a cada um segundo suas necessidades".

Algumas perguntas freqüentes

Se o comunismo é algo tão bom por quê falam tão mal dele?
Simples, é necessário entender que essas ideologias contrárias ao comunismo são criadas pela mídia (conjunto dos meios de comunicação). Quem controla os meios de comunicação são os grandes empresários (burgueses), e é claro que para os burgueses não é interessante construir um mundo justo, comunista, mas sim perpetuar toda essa selvageria capitalista, pois ela lhes garante o poder e o dinheiro.

Já existiu Socialismo no mundo??
Sim. Na ex-URSS e leste europeu. Ainda existe regime socialista ou com tendências socialista em Cuba, Laos, Vietnã, China e Coréia do Norte. Além disso existem várias guerrilhas e movimentos espalhadas pelo mundo que lutam pela construção de nações socialistas. Dentre as mais importantes estão: FARC-EP (Forças Armadas Revolucionárias Colombianas - Exército Popular), na Colômbia, Movimento Zapatista, no México, Sandinismo na Nicarágua e setores do MST no Brasil. Numa próxima oportunidade irei abordar o desenvolvimento do socialismo na URSS e Cuba, além das perspectivas do socialismo no mundo atual.

Já existiu comunismo no mundo??
Não em sua plenitude.


Bibliografia básica:
Manidesto do Partido Comunista; Karl Marx, F. Engels
História da Riqueza do Homem; Leo Hubermam
Filosofando, Introdução à Filosofia; Maria lúcia A. Aranha e Maria Helena P. Martins
textos diversos
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